Como escolher o melhor lugar para estudar
A decisão não é simples e depende de muitos fatores – que vão além do orçamento, ranking das universidades e escolas ou do idioma.
Você decidiu estudar fora. Mas, com tantas opções disponíveis, uma pergunta inevitável aparece: como escolher o melhor país?
A resposta não é simples nem única. Depende de muitos fatores – que vão além do orçamento, ranking das universidades e escolas ou do idioma. Tem que envolver objetivos pessoais, acadêmicos, profissionais, clima, cultura e muito mais.
E aqui vai uma dica importante: o país não precisa ser a sua primeira escolha. Se você busca, por exemplo, um bom programa de bolsa, pesquise o que mais se encaixa no seu perfil acadêmico. E, então, verifique a universidade e o local.
Conversei com especialistas em intercâmbio e diploma internacional para buscar outras recomendações. Abaixo, listo alguns tópicos que devem ser levados em conta (não necessariamente nesta ordem porque – de novo – a resposta não é simples nem única).
1. Defina seu objetivo
Antes de escolher o país, você precisa entender o motivo pelo qual quer estudar fora. Cada destino pode oferecer vantagens diferentes, dependendo da sua meta.
O que você quer?
Aprimorar o idioma
Fazer graduação ou pós
Entrar em um bom programa de financiamento de estudos/pesquisa
Construir uma carreira internacional
Vivenciar uma nova cultura e sair da zona de conforto
Saber o que você busca ajuda a filtrar as possibilidades e tomar uma decisão mais alinhada com o que você realmente quer viver.
Para quem vai fazer um intercâmbio para aprender um idioma: normalmente os fatores que mais pesam na decisão são custo e dificuldades para o visto, segundo Frederick Mello Zerey, proprietário da TKS Intercâmbio. A boa notícia é que há diversas alternativas, para todos os gostos e bolsos.
“Hoje em dia, acabou a crença de que você tem que aprender inglês com acento britânico, oficial. Você vai para fora e vai conversar com estrangeiros de toda parte falando inglês. Vai conversar em inglês com um iraniano, um australiano…O importante é entender o que eles estão falando. Isso é o mais legal de um intercâmbio”, diz Zerey.
Ele lembra que não há exigência de visto de estudante se você ficar até três meses em países europeus do Espaço Schengen – é o caso de Malta e Irlanda, por exemplo. Ou Espanha, para aprender espanhol. E França, para o francês. O processo também não é complicado para passar até seis meses no Reino Unido.
Já se o seu objetivo é uma graduação ou pós no exterior: os preparativos são mais longos e detalhados. Não tenha pressa e não pule etapas.
Vale lembrar que o ano letivo no hemisfério norte normalmente começa em setembro – e os processos seletivos para alunos internacionais costumam abrir um ano antes. Por isso, é importante começar a pesquisar os países, as universidades, a fazer os testes e a separar os documentos com antecedência.
“Agora, a partir de julho, é um bom momento para quem quer começar os preparativos, quem quer fazer o mestrado a partir de setembro do ano que vem. Dá tempo de montar os dossiês”, afirma Mariane Róssi, do Projeto Checkout, que orienta interessados em estudar na Europa.
2. Considere o idioma com atenção
Estudar em outro idioma é um desafio e tanto. E também uma das maiores recompensas de uma experiência internacional.
Se você busca um intercâmbio para aprimorar um idioma, é só escolher o país e o período que quer ficar. A recomendação para quem quer aprender uma nova língua é se engajar no curso durante pelo menos 12 semanas.
No caso de graduação e pós, vale ressaltar que muitos países oferecem cursos em inglês, mesmo não sendo o idioma nativo – como Alemanha, Holanda, Suécia, Itália e Hungria.
Mas atenção: morar em um país onde o idioma falado nas ruas é diferente do idioma do curso pode ser enriquecedor e um pouco confuso.
Esteja disposto a aprender ao menos o básico da nova língua para não ser antipática/o com a vizinhança e também para facilitar a interação no estágio e em ambientes fora da escola/universidade.
3. Pesquise sobre vistos e permissões de trabalho durante e depois dos estudos
Nem todo país permite que estudantes internacionais trabalhem durante os estudos – se você conta com um dinheiro extra, não esqueça de verificar as regras para quem tem determinado tipo de visto.
Na França, por exemplo, os estudantes estrangeiros podem trabalhar 964 horas anuais (60% da duração legal da jornada de trabalho normal). Além disso, muitos cursos de graduação e pós preveem estágios remunerados.
Na Irlanda, é permitido trabalhar até 20 horas por semana durante o período de aulas. De junho a setembro e entre 15 de dezembro e 15 de janeiro, são 40 horas por semana.
Também é importante considerar as chances de extensão do visto após a conclusão do curso – no caso de quem deseja continuar no país e procurar um trabalho definitivo.
“Quando você se forma, leva um tempo para você conseguir encontrar um emprego”, explica Mariane, do Projeto Checkout. “Então, se você deseja construir uma carreira internacional, vale considerar países que tenham visto pós-estudos por um período considerável, como a Alemanha.”
4. Avalie o custo de vida e o orçamento total
Nem sempre o país mais famoso é o que cabe no seu bolso. E estudar fora envolve mais do que só a mensalidade ou anuidade do curso. Você precisa considerar:
Custo de vida local (aluguel, transporte, alimentação, lazer);
Passagens aéreas e seguro saúde;
Moeda local e variação cambial;
Possibilidade de bolsas ou financiamentos.
Existem países que oferecem educação superior a baixo custo inclusive para estrangeiros – mas o pagamento das contas do dia a dia pode ser alto. Por isso, não esqueça opções não tão óbvias ou tradicionais.
Se é mais caro viver no país dos seus sonhos, comece a pesquisar países e universidades que podem ser interessantes ou que tenham programas de bolsas.
“Para quem pretende aplicar para bolsas, eu recomendo manter a mente aberta”, conta Mariane. “Muita gente vem com a ideia de Reino Unido, porque tem a questão do idioma e a tradição. Mas é um país que não tem tanta bolsa de estudos com cobertura integral. São poucas comparadas com países como França, Itália, Suécia...”
Não se esqueça que, uma vez por mês, temos a participação da dra. Priscila Biancovilli por aqui, com as melhores dicas para quem busca bolsas e financiamento para estudar fora!
5. Considere o estilo de vida e a adaptação cultural
Cada país tem sua cultura, hábitos, clima, alimentação e ritmo de vida. Pense no quanto você está disposto a se adaptar – e no que é importante para o seu bem-estar. Por exemplo, se você odeia o frio, talvez o Canadá ou a Escandinávia não sejam ideais.
Se você valoriza a diversidade e o calor humano, Portugal, Espanha ou América Latina podem ser boas opções.
Se você prefere cidades grandes, cheias de movimento, pense em estudar em capitais. Mas se você busca tranquilidade e contato com a natureza, há ótimos centros acadêmicos em cidades menores.
“Você vai ficar dentro de uma sala por três ou quatro horas. Depois, vai sair para aproveitar a cidade, os arredores. Pense nisso na hora de escolher a cidade. É uma experiência muito rica”, afirma Zerey.
6. Pesquise sobre reconhecimento acadêmico e qualidade do ensino
Já se você busca prestígio e qualidade acadêmica, verifique rankings e reputação das universidades e escolas – mas vá além dos números. Leia sobre os cursos, a estrutura, os professores, a metodologia de ensino e o suporte ao estudante internacional.
Algumas perguntas úteis:
O diploma é reconhecido no Brasil ou em outros países?
A universidade tem suporte para integração cultural e orientação profissional?
A instituição oferece bolsas, auxílio financeiro ou programas de mentoria?
A qualidade do ensino pode variar mesmo dentro do mesmo país. Por isso, escolha primeiro a instituição e o curso, depois veja se o país está de acordo com o que você busca.
7. Converse com quem já viveu essa experiência
Nada substitui o olhar de quem já esteve lá. Converse com ex-intercambistas, participe de feiras de educação internacional, assista a vídeos no YouTube, leia blogs e relatos em redes sociais. Pergunte sobre o dia a dia, os desafios, os aprendizados e as dicas práticas.
Muitas universidades e instituições mantêm redes de alumni e embaixadores estudantis. As redes sociais estão aí – vale procurar no LinkedIn e no Instagram, por exemplo.
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Quer saber mais sobre intercâmbio e como conseguir um diploma internacional? Aqui, vou trazer semanalmente notícias e mais detalhes sobre os procedimentos necessários para estudar fora. Me siga também no Instagram: @lafora.intercambio. Vem comigo :)